Comissão formada por 16 especialistas discute revisão do Código Penal com menos penas restritivas que hoje
A idéia é adotar a pena de prisão apenas em última instância, restrita a casos graves e violentos.
Folha de São Paulo
21 de janeiro de 2012
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Veja as propostas
Reforma Penal: pontos polêmicos
A reforma do Código Penal, em discussão no Senado, pode mudar o sistema carcerário do país. A ideia é adotar a pena de prisão apenas em última instância, restrita a casos graves e violentos.
A comissão formada a pedido do Senado por juízes, procuradores e advogados avalia quais crimes poderão ser punidos com penas alternativas, como multas, devolução do valor roubado e restrição de direitos.
A proposta segue a mesma linha da alteração feita em 2011 no Código de Processo Penal, que criou alternativas à prisão preventiva -ocorrida antes da condenação.
De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o país tem a terceira maior população carcerária do mundo -cerca de 500 mil pessoas- e enfrenta problemas como superlotação em presídios e a presença das organizações criminosas.
Para o presidente da comissão e ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Gilson Dipp, o sistema prisional do país "não recupera ninguém". "Está se vendo que o agravamento da pena não inibe a criminalidade", disse o ministro à Folha.
Os 16 especialistas que compõem a comissão preveem o término dos trabalhos para maio, quando entregarão um projeto para ser votado pelo Congresso.
Entre as sugestões em debate está a de ampliar a caracterização do tráfico de pessoas, que hoje só é crime a finalidade de exploração sexual. Seria criminalizado o tráfico que envolver venda de órgãos e trabalho escravo.
Na avaliação do ministro, é preciso ainda tipificar delitos cibernéticos para permitir sua punição. Muitos atos cometidos na internet não correspondem a um crime existente, o que impossibilita punir os responsáveis.
Outra mudança seria tornar crime a improbidade administrativa, que hoje é uma infração administrativa. O grupo, no entanto, não pensa em tornar a corrupção um crime hediondo, como sugerem alguns senadores.
A Folha mostrou que operações da Polícia Federal em 2011 flagraram o desvio de R$ 3,2 bilhões de verba pública.
POLÊMICAS
A comissão ainda analisa temas que enfrentam resistência de congressistas ou aguardam definição do Judiciário: aborto, criminalização da homofobia, eutanásia e jogo do bicho, entre outros.
Está em discussão o aborto legal também em caso de anomalias "graves e irreversíveis", como a anencefalia, ou se a grávida for submetida a inseminação artificial sem autorizar. Hoje, a interrupção da gravidez é permitida em caso de estupro ou risco de morte da gestante.
Para Dipp, outras prioridades são criminalizar o terrorismo, principalmente pela proximidade da realização de eventos esportivos (Copa e Olimpíadas) no Brasil.
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