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Quem já não ouviu falar do PCC? Creio que a grande maioria
dos leitores já se deparou com uma ou outra notícia a respeito dessa facção
criminosa. Muitos sabem que ele colabora no vertiginoso aumento das rebeliões,
no elevado número de assassinatos, fugas e resgates de presos. Todavia, ao ser
perguntado sobre o significado dela, poucos sabem explicá-la, em muitos casos,
nem sequer conseguindo identificar o conteúdo da respectiva sigla.
Para entender sobre o PCC, seu nascimento, sua forma de
organização, seus meios de operação, a Editora Saraiva lança “PCC: hegemonia
das prisões e monopólio da violência”, de Camila Caldeira Nunes Dias.
A obra é um estudo cuidadoso, que inclui trabalho de campo
da autora, para indicar em que momento surge o PCC e quais fatores permitiram
sua gênese, passando pelas questões de superlotação, a mistura de presos
praticantes de delitos diversos, os mecanismos econômicos ilícitos, enfim, as
transformações na dinâmica criminal, as quais não foram acompanhadas pela
política penitenciária e que contribuíram para sua expansão.
São apresentadas as etapas cronológicas do processo, desde a
formação até sua configuração atual já consolidada, dividindo-se os estudos em
períodos, a saber: de 1993 a 2001, o longo processo de gestação, crescimento e
ação simbólica; de 2001 a 2006, após a consolidação, os caminhos da
publicização, incluindo o momento da crise mais aguda em maio de 2006; e,
finalmente, de 2006 para os tempos atuais, em que a facção trabalha com a
contínua reorganização de sua estrutura, a fim de manter-se viva.
A autora demonstra que esse processo foi construído a partir
do emprego da violência, num crescendo, até o momento em que, consolidado e
disseminado, o PCC criou um modelo de organização que a própria mídia acabou
por denominar de “tribunais”, posto que as questões eram levadas para
instâncias internas e resolvidas mediante acordos ou decisões votadas por um
grupo privilegiado. Neste momento, o emprego de ações violentas torna-se mitigado,
mas o cumprimento das determinações passa a ser mais efetivo.
Não pense o leitor que o livro é um percurso meramente
cronológico. Bem ao contrário, há sólida massa de sustentação teórica, fundadas
em estudos atuais de importantes sociólogos nacionais e estrangeiros, como, por
exemplo, Sérgio Adorno e Norbert Elias, deste último sendo empregado o conceito
de figuração social, para embasar o processo histórico e socioeconômico que
teria permitido o desenvolvimento da facção.
A obra é muito relevante para quem pretende aprofundar-se
nos estudos penais e está cansado daquele pobre exame da suposta dialética
entre direitos do preso versus direitos da sociedade, sendo de fácil leitura,
embora exija cuidados em sua aproximação.
A autora é mestre e doutora em Sociologia, graduada em
Ciências Sociais e professora da Universidade Federal do ABC, além de integrar
o Núcleo de Estudos de Violência da USP.
PCC: hegemonia das prisões e monopólio da violência
Autor: Camila Caldeira Nunes Dias
Editora: Saraiva
Quanto: R$ 125,10
Compre na Livraria Última Instância por R$ 118,85
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