Naquela manhã, do dia 25 de janeiro de 1554, em que se havia
terminado a construção de um barracão no qual se instalaria o Real Colégio de
Piratininga, os doze padres jesuítas que o idealizaram e nele trabalharam,
celebram uma missa, presidida pelo futuro diretor. Este gesto dá origem à
cidade de São Paulo. O nome escolhido fora uma homenagem à mesma data em que o
apóstolo Paulo se convertera ao cristianismo.
Originária desta forte tradição cristã-católica, hoje abriga
credos, raças e corações dotados da mais plena diversidade. Prismas, matizes,
espectros, cores, ideias e sentimentos se fundem e misturam dialeticamente
neste atual centro cosmopolita da maior importância.
Na data de hoje, a cidade celebra seus 467 anos! Quem nela
reside não a consegue abandonar. Conhecendo-a ou não, o residente sente-se um
preso livremente voluntário. Não há um motivo único para isso. A força
econômica de um município que possui o 10º maior PIB do mundo, conforme uma
pesquisa de 2009; as oportunidades de desenvolvimento pessoal; a plenitude da
vida cultural, com museus, parques e monumentos, a agitação da vida noturna,
quase ininterrupta que chega a confundir-se com o dia; a riqueza do espaço
gastronômico de origem praticamente universal; o ativismo de movimentos
políticos diversificados; a loucura produzida pela contradição do cinza do
asfalto com o colorido dos carros. O choque cotidiano de pessoas que se vendo
não se veem. O isolar do ritmo e o aconchego de breves contatos ou sólidas
amizades que seguem o movimento impetuoso da metrópole.
Mesmo com a pandemia, que ainda nos assola e nos obrigou a
um isolamento para que poupássemos, dentro do possível, nossos concidadãos
(embora alguns não percebessem isso), mesmo mitigada, o pulsar da cidade
continuou. Muitas foram as dificuldades e muitas ainda serão. Dentre elas, o
eixo cultural e o gastronômico sofreram fortemente com o impacto. Os
happy-hours de fim de expediente, os almoços com amigos e família, o cinema e
teatro, tudo se reduziu. Houve a necessidade de encontrar um percurso dentro do
que se convencionou chamar de “novo normal”. São Paulo sobreviveu, apesar de
tudo. Mesmo com a lamentável perda de diversos conterrâneos, cuja ausência será
sentida e ressentida pelos respectivos familiares e amigos e lamentada por
todos os demais, a cidade nos empurrou a continuar e não desistir.
Nada explica ao certo. Mas São Paulo vive, pulsa e grita com
a força de seus cidadãos e habitantes. E estes vivem dela... e, certamente, por
ela.
Parabéns a seus 467 anos, São Paulo!
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